segunda-feira, 14 de janeiro de 2013


                                  A RELIGIÃO E O SÓCIO
                                                                                                             FELIPE KEVIN RAMOS DA SILVA
                                                                                            (ALUNO GRADUANDO EM GEOGRAFIA\ UEPA)

  Desde o início o ser homem busca a explicação para o seu existir, os mitos, as explicações baseadas em fundamentos naturais, seriam os primeiros pressupostos para a existência do homem. Contudo para muitos, essas não seriam a melhor explicação do surgimento do homem, mas por fim, são fontes de verdade que devem ter seus merecidos respeito, são pensamentos que buscam a verdade, baseados na racionalidade, devem ter um respeito de uma religião.

  As explicações dos “por que estou aqui”, “para onde vou”, são perguntas que perseguem os pensamentos desde o inicio da racionalidade, por isso as explicações cosmológicas, metafísicas, ontológicas, seriam necessárias ou ate mesmo, menos absurdas para a tentativa dos “por que”. As religiões são importantíssimas nesse processo de aprendizagem de quem nos somos, pois ela acarreta fundamentos metafísicos, na tentativa de explicar o que somos de verdade, na tentativa de explicar nossas atitudes, contudo, teria então o meio sócio (sociedade) ter alguma coisa haver com esse processo de formação do individua homem enquanto sua moral, seus costumes, suas crenças¿

  A resposta seria que sim. A sociedade tem influencias significativas no psique humano, pois o mesmo é influenciado constantemente.Todos sofremos influencia do meio externo, a religião é um recurso de influenciador também, pois cada uma que seja, tem sua exatidão da existência do “eu”.Mas de uma forma contraditória, a religião peca, peca no sentido em que a mesma somente busca que o homem não seja homem, que o ser homem seja uma espécie de criatura livre de pecados, de erros, que busque sempre a perfeição e que nela permaneça, a religião é fundamental, mas incompleta, pois ela exclui o homem dele mesmo na tentativa de torna-lo livre de si próprio. Na tentativa de torna o homem livre do próprio homem ela o exclui que ele é homem, e constantemente é influenciado por questões sociais, a religião é falha enquanto na sua tentativa de perfeição pensa no homem como um ser sem influenciais e esquece que para que se chegue em algo é necessário seguir seu caminho oposto, não se pode ter algo sem ter aquilo que não se pode ter.

  Encaminho meus pensamentos e digo novamente ‘que toda e qualquer religião é falha quando na tentativa de perfeição do homem.’

                                                                                                                                                                                  - SILVA, Felipe Kevin R.  A Religião e o Sócio. 2012.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013


 Autor: Felipe kevin Ramos da silva

A questão da Emoção enquanto Razão
                                  
A razão não deve ser compreendida como uma simples separação do pensamento “sensível”* do pensamente “insensível”*.
-->Pensamento sensível : Todo pensamento que supostamente é excluído de qualquer razão, aquilo que é tomado como imediato sem uma pré-reflexão sobre determinada situação.

-->Pensamento insensível : Todo pensamento que supostamente é compreendido através da busca pela razão. Muitas vezes, com a busca de tal racionalidade nos tornamos “insensíveis” em determinadas situações.

Em nosso cotidiano é necessários  tomar certas medidas,certas “atitudes” que te julgarão como um ser sensível ou não.As pessoas na sua maioria são guiadas pelo senso comum que as domina e impede a reflexão sobre seus atos,suas “atitudes”.
-->Ação da atitude : As nossas escolhas já pré-estabelecidas ou não, nos guiam para o “melhor caminho”, ou aquela escolha que julgamos ser moralmente correta,contudo,esse julgamento se baseia em nossa própria razão,podendo ter influência do meio externo,mas o ultimo pensamento deve ser do ser e a sua realidade.
Mas será mesmo que todo pensamento classificado como “pensamento emocional” é realmente,de fato,exclusivamente emocional ¿ não teria um pouco de razão na emoção ?
Partindo de um pensamento ,como por exemplo de Aristóteles,que a felicidade só se alcança através da razão, pois só por esse caminho nos tornaríamos seres éticos,moralmente virtuosos. A razão ao longo da historia da filosofia vem sendo pensado como único caminho a chegada “do que é certo”. A emoção também é o caminho da razão,só que de forma mal compreendida,é que todo pensamento elevado pela emoção entes foi algo racional convertido em um sentimento exaltado.A partir do que pensamos , e depois agimos,seja de forma moralmente correte ou não, foi um pensamento racional.
Até um pensamento  seguido de um ato rapidamente feito, é racional,pois essa atitude tomada rapidamente e algo progressivamente lento racionalizado durante a vida do indivíduo,logo em uma situação desconfortável,por exemplo,qualquer ato será considerado racional,se moralmente correto,cabe a sociedade julgá-lo. As suas faculdades intelectuais favorecem também para tomadas de atitudes.Toda razão é aproveitada pela emoção,e se logo deveríamos excluir esse “apartheid “ de pensamentos,pois a emoção é a razão.
A conhecimento do cotidiano(empírico) é representante das atitudes dos ser,mas o ser plenamente consciente de seus atos, ou ate mesmo o louco sabe o que faz ,mas não domina sua racionalidade,logo também não domina suas emoções. TODA EMOÇÃO É RESULTADO DO ACÚMULO DA RAZÃO EMPÍRICA (Kevin,Felipe).
Mas os atos das emoções são reflexo da razão,e os julgamento do que é certo ou errado dos atos(logo voltamos a emoção = razão),seriam certos a certeza de julga-los?
O que é o bem ou o mal a partir do pensamento da emoção?
Tomamos formas todos os dias,as certezas se modificam,nossos pensamentos são multáveis,logo nosso comportamento também é modificado todos os dias,e exaltado em determinada situação.
O BEM : Será mesmo que existe o bem,ou seria apenas uma atitude moralmente correta,não para mim,ou para você que estar lendo isto,mas sim,para um determinado ser é correto fazer esse “bem”. Matar uma pessoa,é moralmente incorreto pelas normais pré-estabelecidas pela sociedade,porém,nesse caso deve-se avaliar as questões motivadoras dos atos dessa “emoção exaltada”,talvez a pessoa tenha motivos corretos,do bem,para sua atitude,que cabe a ela julgar. O bem e o mal andam juntos, assim como a emoção e a razão. O bem é estabelecido na sua forma natural pelo próprio ser,sem influencia de sua convivência social,quando esse bem passa para sua forma “artificial” o “bem” pode vir a ser “mal” logo o “mal” não existe. O meio “artificial” é influenciado da moral “bem” que gera a maldade social.
-->Meio natural : O modo como o ser é estabelecido como nascido de pensamento no meio não social,logo na há influência moral de seus atos emocionais,influenciado apenas por sua razão empírica.
-->Meio Artificial : Meio social aonde o ser é influenciado constantemente,fazendo com que o próprio ser seja “bem” logo “mal”.


   - SILVA,felipe kevin R. A questão da Emoção enquanto Razão  22.11.12




A Filosofia de Descartes





René Descartes, nascido em 1596 em La Haye - não a cidade dos Países-Baixos, mas um povoado da Touraine, numa família nobre - terá o título de senhor de Perron, pequeno domínio do Poitou, daí o aposto "fidalgo poitevino".
De 1604 a 1614, estuda no colégio jesuíta de La Flèche. Aí gozará de um regime de privilégio, pois levanta-se quando quer, o que o leva a adquirir um hábito que o acompanhará por toda sua vida: meditar no próprio leito. Apesar de apreciado por seus professores, ele se declara, no "Discurso sobre o Método", decepcionado com o ensino que lhe foi ministrado: a filosofia escolástica não conduz a nenhuma verdade indiscutível, "Não encontramos aí nenhuma coisa sobre a qual não se dispute". Só as matemáticas demonstram o que afirmam: "As matemáticas agradavam-me sobretudo por causa da certeza e da evidência de seus raciocínios". Mas as matemáticas são uma exceção, uma vez que ainda não se tentou aplicar seu rigoroso método a outros domínios. Eis por que o jovem Descartes, decepcionado com a escola, parte à procura de novas fontes de conhecimento, a saber, longe dos livros e dos regentes de colégio, a experiência da vida e a reflexão pessoal: "Assim que a idade me permitiu sair da sujeição a meus preceptores, abandonei inteiramente o estudo das letras; e resolvendo não procurar outra ciência que aquela que poderia ser encontrada em mim mesmo ou no grande livro do mundo, empreguei o resto de minha juventude em viajar, em ver cortes e exércitos, conviver com pessoas de diversos temperamentos e condições".
Após alguns meses de elegante lazer com sua família em Rennes, onde se ocupa com equitação e esgrima (chega mesmo a redigir um tratado de esgrima, hoje perdido), vamos encontrá-lo na Holanda engajado no exército do príncipe Maurício de Nassau. Mas é um estranho oficial que recusa qualquer soldo, que mantém seus equipamentos e suas despesas e que se declara menos um "ator" do que um "espectador": antes ouvinte numa escola de guerra do que verdadeiro militar. Na Holanda, ocupa-se sobretudo com matemática, ao lado de Isaac Beeckman. É dessa época (tem cerca de 23 anos) que data sua misteriosa divisa "Larvatus prodeo". Eu caminho mascarado. Segundo Pierre Frederix, Descartes quer apenas significar que é um jovem sábio disfarçado de soldado.

Em 1619, ei-lo a serviço do Duque de Baviera. Em virtude do inverno, aquartela-se às margens do Danúbio. Podemos facilmente imaginá-lo alojado "numa estufa", isto é, num quarto bem aquecido por um desses fogareiros de porcelana cujo uso começa a se difundir, servido por um criado e inteiramente entregue à meditação. A 10 de novembro de 1619, sonhos maravilhosos advertem que está destinado a unificar todos os conhecimentos humanos por meio de uma "ciência admirável" da qual será o inventor. Mas ele aguardará até 1628 para escrever um pequeno livro em latim, as "Regras para a direção do espírito" (Regulae ad directionem ingenii). A idéia fundamental que aí se encontra é a de que a unidade do espírito humano (qualquer que seja a diversidade   dos objetos da pesquisa) deve permitir a invenção de um método universal. Em seguida, Descartes prepara uma obra de física, o Tratado do Mundo, a cuja publicação ele renuncia visto que em 1633 toma conhecimento da condenação de Galileu. É certo que ele nada tem a temer da Inquisição. Entre 1629 e 1649, ele vive na Holanda, país protestante. Mas Descartes, de um lado é católico sincero (embora pouco devoto), de outro, ele antes de tudo quer fugir às querelas e preservar a própria paz.
Finalmente, em 1637, ele se decide a publicar três pequenos resumos de sua obra científica: A DióptricaOs Meteoros e A Geometria. Esses resumos, que quase não são lidos atualmente, são acompanhados por um prefácio e esse prefácio foi que se tornou famoso: é o Discurso sobre o Método. Ele faz ver que o seu método, inspirado nas matemáticas, é capaz de provar rigorosamente a existência de Deus e o primado da alma sobre o corpo. Desse modo, ele quer preparar os espíritos para, um dia, aceitarem todas as conseqüências do método - inclusive o movimento da Terra em torno do Sol! Isto não quer dizer que a metafísica seja, para Descartes, um simples acessório. Muito pelo contrário! Em 1641, aparecem as Meditações Metafísicas, sua obra-prima, acompanhadas de respostas às objeções. Em 1644, ele publica uma espécie de manual cartesiano. Os Princípios de Filosofia, dedicado à princesa palatina Elisabeth, de quem ele é, em certo sentido, o diretor de consciência e com quem troca importante correspondência. Em 1644, por ocasião da rápida viagem a Paris, Descartes encontra o embaixador da frança junto à corte sueca, Chanut, que o põe em contato com a rainha Cristina.
Esta última chama Descartes para junto de si. Após muitas tergiversações, o filósofo, não antes de encarregar seu editor de imprimir, para antes do outono, seu Tratado das Paixões - embarca para Amsterdã e chega a Estocolmo em outubro de 1649. É ao surgir da aurora (5 da manhã!) que ele dá lições de filosofia cartesiana à sua real discípula. Descartes, que sofre atrozmente com o frio, logo se arrepende, ele que "nasceu nos jardins da Touraine", de ter vindo "viver no país dos ursos, entre rochedos e geleiras". Mas é demasiado tarde. Contrai uma pneumonia e se recusa a ingerir as drogas dos charlatões e a sofrer sangrias sistemáticas ("Poupai o sangue francês, senhores"), morrendo a 9 de fevereiro de 1650. Seu ataúde, alguns anos mais tarde, será transportado para a França. Luís XIV proibirá os funerais solenes e o elogio público do defunto: desde 1662 a Igreja Católica Romana, à qual ele parece Ter-se submetido sempre e com humildade, colocará todas as suas obras no Index.

O Método

Descartes quer estabelecer um método universal, inspirado no rigor matemático e em suas "longas cadeias de razão".
1. - A primeira regra é a evidência : não admitir "nenhuma coisa como verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal". Em outras palavras, evitar toda "precipitação" e toda "prevenção" (preconceitos) e só ter por verdadeiro o que for claro e distinto, isto é, o que "eu não tenho a menor oportunidade de duvidar". Por conseguinte, a evidência é o que salta aos olhos, é aquilo de que não posso duvidar, apesar de todos os meus esforços, é o que resiste a todos os assaltos da dúvida, apesar de todos os resíduos, o produto do espírito crítico. Não, como diz bem Jankélévitch, "uma evidência juvenil, mas quadragenária".
2. - A segunda, é a regra da análise: "dividir cada uma das dificuldades em tantas parcelas quantas forem possíveis".
3. - A terceira, é a regra da síntese : "concluir por ordem meus pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer para, aos poucos, ascender, como que por meio de degraus, aos mais complexos".
4. - A última á a dos "desmembramentos tão complexos... a ponto de estar certo de nada ter omitido".
Se esse método tornou-se muito célebre, foi porque os séculos posteriores viram nele uma manifestação do livre exame e do racionalismo.
a) Ele não afirma a independência da razão e a rejeição de qualquer autoridade? "Aristóteles disse" não é mais um argumento sem réplica! Só contam a clareza e a distinção das idéias. Os filósofos do século XVIII estenderão esse método a dois domínios de que Descartes, é importante ressaltar, o excluiu expressamente: o político e o religioso (Descartes é conservador em política e coloca as "verdades da fé" ao abrigo de seu método).
b) O método é racionalista porque a evidência de que Descartes parte não é, de modo algum, a evidência sensível e empírica. Os sentidos nos enganam, suas indicações são confusas e obscuras, só as idéias da razão são claras e distintas. O ato da razão que percebe diretamente os primeiros princípios é a intuição. A dedução limita-se a veicular, ao longo das belas cadeias da razão, a evidência intuitiva das "naturezas simples". A dedução nada mais é do que uma intuição continuada.

A Metafísica

No Discurso sobre o Método, Descartes pensa sobretudo na ciência. Para bem compreender sua metafísica, é necessário ler as Meditações.
1. - Todos sabem que Descartes inicia seu itinerário espiritual com a dúvida. Mas é necessário compreender que essa dúvida tem um outro alcance que a dúvida metódica do cientista. Descartes duvida voluntária e sistematicamente de tudo, desde que possa encontrar um argumento, por mais frágil que seja. Por conseguinte, os instrumentos da dúvida nada mais são do que os auxiliares psicológicos, de uma ascese, os instrumentos de um verdadeiro "exército espiritual". Duvidemos dos sentidos, uma vez que eles freqüentemente nos enganam, pois, diz Descartes, nunca tenho certeza de estar sonhando ou de estar desperto! (Quantas vezes acreditei-me vestido com o "robe de chambre", ocupado em escrever algo junto à lareira; na verdade, "estava despido em meu leito").
Duvidemos também das próprias evidências científicas e das verdades matemáticas! Mas quê? Não é verdade - quer eu sonhe ou esteja desperto - que 2 + 2 = 4? Mas se um gênio maligno me enganasse, se Deus fosse mau e me iludisse quanto às minhas evidências matemáticas e físicas? Tanto quanto duvido do Ser, sempre posso duvidar do objeto (permitam-me retomar os termos do mais lúcido intérprete de Descartes, Ferdinand Alquié).
2. - Existe, porém, uma coisa de que não posso duvidar, mesmo que o demônio queira sempre me enganar. Mesmo que tudo o que penso seja falso, resta a certeza de que eu penso. Nenhum objeto de pensamento resiste à dúvida, mas o próprio ato de duvidar é indubitável"Penso, cogito, logo existo, ergo sum" . Não é um raciocínio (apesar do logo, do ergo), mas uma intuição, e mais sólida que a do matemático, pois é uma intuição metafísica, metamatemática. Ela trata não de um objeto, mas de um ser. Eu penso, Ego cogito (e o ego, sem aborrecer Brunschvicg, é muito mais que um simples acidente gramatical do verbo cogitare). O cogito de Descartes, portanto, não é, como já se disse, o ato de nascimento do que, em filosofia, chamamos de idealismo (o sujeito pensante e suas idéias como o fundamento de todo conhecimento), mas a descoberta do domínio ontológico (estes objetos que são as evidências matemáticas remetem a este ser que é meu pensamento).
3. - Nesse nível, entretanto, nesse momento de seu itinerário espiritual, Descartes é solipsista. Ele só tem certeza de seu ser, isto é, de seu ser pensante (pois, sempre duvido desse objeto que é meu corpo; a alma, diz Descartes nesse sentido, "é mais fácil de ser conhecida que o corpo").
É pelo aprofundamento de sua solidão que Descartes escapará dessa solidão. Dentre as idéias do meu cogito existe uma inteiramente extraordinária. É a idéia de perfeição, de infinito. Não posso tê-la tirado de mim mesmo, visto que sou finito e imperfeito. Eu, tão imperfeito, que tenho a idéia de Perfeição, só posso tê-la recebido de um Ser perfeito que me ultrapassa e que é o autor do meu ser. Por conseguinte, eis demonstrada a existência de Deus. E nota-se que se trata de um Deus perfeito, que, por conseguinte, é todo bondade. Eis o fantasma do gênio maligno exorcizado. Se Deus é perfeito, ele não pode ter querido enganar-me e todas as minhas idéias claras e distintas são garantidas pela veracidade divina. Uma vez que Deus existe, eu então posso crer na existência do mundo. O caminho é exatamente o inverso do seguido por São Tomás. Compreenda-se que, para tanto, não tenho o direito de guiar-me pelos sentidos (cujas mensagens permanecem confusas e que só têm um valor de sinal para os instintos do ser vivo). Só posso crer no que me é claro e distinto (por exemplo: na matéria, o que existe verdadeiramente é o que é claramente pensável, isto é, a extensão e o movimento). Alguns acham que Descartes fazia um circulo vicioso: a evidência me conduz a Deus e Deus me garante a evidência! Mas não se trata da mesma evidência. A evidência ontológica que, pelo cogito, me conduz a Deus fundamenta a evidência dos objetos matemáticos. Por conseguinte, a metafísica tem, para Descartes, uma evidência mais profunda que a ciência. É ela que fundamenta a ciência (um ateu, dirá Descartes, não pode ser geômetra!).
4. - A Quinta meditação apresenta uma outra maneira de provar a existência de Deus. Não mais se trata de partir de mim, que tenho a idéia de Deus, mas antes da idéia de Deus que há em mim. Apreender a idéia de perfeição e afirmar a existência do ser perfeito é a mesma coisa. Pois uma perfeição não-existente não seria uma perfeição. É o argumento ontológico, o argumento de Santo Anselmo que Descartes (que não leu Santo Anselmo) reencontra: trata-se, ainda aqui, mais de uma intuição, de uma experiência espiritual (a de um infinito que me ultrapassa) do que de um raciocínio.




Leia mais: http://www.mundodosfilosofos.com.br/descartes.htm#ixzz26g8yTTjF



















O Método Socrático


Em geral, o método dialógico de Sócrates é constituído por dois momentos fundamentais:
  • a ironia que denuncia as verdades feitas e o falso saber daqueles que pretendiam reduzir o verdadeiro ao verosímil
  • a maiêutica, técnica através da qual se consegue observar como é que uma ciência desconhecida se transforma progressivamente numa ciência conhecida. No entanto, no diálogo Protágoras, a maiêutica não aparece. Segundo Platão, Sócrates fora buscar a sua arte da maiêutica a sua mãe que era parteira. Na Grécia clássica só as mulheres que já não podem dar à luz estão autorizadas a ajudar ao parto das outras. Sócrates considerava a sua arte como a arte de parturejar; só que agora são homens que dão à luz e é do parto das suas almas que se trata.  Sócrates revelava aos outros aquilo que eles próprios sabiam sem de tal terem consciência. Ele pretendia que o seu questionamento sistemático levasse os outros a um ponto crucial de consciência crítica, procurando a verdade no seu interior, dando assim lugar ao "parto intelectual". A maiêutica é, assim, a fase positiva, construtiva, do método socrático que permite o acordo através das certezas universais obtidas pela definição após a discussão. Trata-se de um diálogo do primeiro período que se caracteriza pela ausência da teoria da reminiscência que serve de fundamento à maiêutica.
Podemos sistematizar as características principais do método de Sócrates neste diálogo tendo em conta o seu carácter dialéctico, aporético, irónico, a procura da definição e a coerência prática. Sócrates é aquele que possui a arte subtil de dialéctica que, como diz Wolff, era "um jogo de espírito e de finura  feito de fintas e de esquivas, torneio de raciocinadores armados de argumentações estratégicas e de objecções estáticas"(1985, p.33).
Através de perguntas/respostas pretendia dar e devolver argumentos entre interlocutores através de um discurso curto e preciso cujo objectivo era a procura da verdade. A este método cuja arte subtil está na capacidade de argumentar chama-se "dialéctica".
Numa primeira fase Sócrates procura de forma polémica destruir a suposta coerência do raciocínio dos seus interlocutores. Sócrates faz com que os outros falem sobre aquilo que afirmam para os obrigar a reflectir sobre aquilo que fazem. Ele opõe-se à verdade estereotipada, ao dogmatismo e pretende destruir os preconceitos irreflectidos. Quer que os seus interlocutores se consciencializem da suposta "verdade" das suas afirmações levando-os a um exame de consciência que lhes dará conta da sua ignorância. É como se os conhecimentos das pessoas fossem postos em causa através da interrogação e não de uma forma expositiva.Assim os adversários de Sócrates são levados à dúvida relativamente aos seus próprios conhecimentos ficando embaraçados com as perguntas insidiosas e precisas, cujas respostas demonstram quão fracos são os seus argumentos e opiniões.
Mas Sócrates usava então uma das suas outras técnicas: dar a mão ao interlocutor apesar de achar que este estava vencido no argumento usado. O que Sócrates pretendia era que não houvessem vencedores nem vencidos mas caminhar conjuntamente para estabelecer a verdade.
O carácter aporético do discurso prende-se com o facto de  Sócrates não responder  às próprias questões que lança. Não dá respostas positivas. Sócrates não pretende informar mas formar. Aquilo que viesse do mestre em sentido único teria apenas um efeito exterior sobre a consciência do aluno; a formação só pode efectuar-se segundo o ritmo e as exigências próprias do desenvolvimento interior individual. Sócrates repete que nada sabe, nada tem para ensinar, nem ninguém a quem formar. E não tendo nada para oferecer a não ser a sua companhia basta que cada um pense por si próprio para se aperceber de que sabe mais do que ele. "Ignorância fingida, falsa modéstia, artimanha pedagógica de todo o mestre-pensador?" (Wolff, 1985, p.21). Sócrates procura na "dialéctica", arte do diálogo, muito mais do que um método de educação; vê nela um modelo da verdade, cujo princípio básico poderia ser assim enunciado: admitir apenas como verdade aquilo que o interlocutor reconheceu claramente como verdadeiro. Uma verdade possuída mas não partilhada com outros não seria uma verdade e permaneceria num estado de opinião ao qual se poderia chamar de estéril. Para Sócrates a educação não é uma mera transmissão de saberes mas sim o despertar do saber existente em cada um de nós através da auto-reflexão.
Outra das características do diálogo é a ironia zombeteira que anula o saber irreflectido dos interlocutores reduzindo a zero as suas pretensões normativas. Passa-se da certeza à dúvida e do presumível saber ao questionamento dos seus pressupostos.  Há nos diálogos de Sócrates uma curiosa revolta irónica, a Ironia Socrática, séria e trocista: O "eu não sei nada (daquilo que julgas que eu sei), mas tu sabes (aquilo que tu não sabes que sabes)" desdobra-se num "tu não sabes nada (daquilo que julgas saber), mas eu sei (aquilo de que tu nem sequer suspeitas)". É por isso que no fundo o método de Sócrates não está muito longe da nossa ironia (no sentido moderno) que, nem hipócrita nem verdadeiramente franca, diz a verdade parecendo dizer o contrário, sem nunca sabermos por onde pegar. (Wolff, 1985, p.52)
Segundo Wolff a ironia é uma atitude profundamente filosófica. Ao incidir sobre as coisas, sobre os outros ou sobre nós mesmos, tem um efeito purificador e salutar. Contrariamente à troça ou ao sarcasmo que são sinais de vaidade ou à hipocrisia que se torna maligna, a ironia simples e subtil permite distanciar-nos e colocar entre nós próprios e as nossas necessidades o tempo de uma interrogação ou o espaço de uma pergunta zombeteira. Ironizar sobre si: aquilo que já fazemos maquinalmente, aquilo que julgamos saber, aquilo em que estamos certos de acreditar, no fundo porque o fazemos? A ironia, ao roubar momentos de consciência à seriedade das coisas e da existência, pode considerar-se como um luxo. A filosofia socrática é esse luxo. É preciso ter tempo para nos abstrairmos do tempo que vai passando, para nos surpreendermos com aquilo que já não surpreende.
O  Método de Sócrates pretende ensinar o uso e o valor das definições precisas dos conceitos que se empregam nas discussões do quotidiano. Não as chegaremos a possuir sem, previamente, procedermos a uma revisão das noções tradicionais, do senso comum, das concepções vulgares incorporadas na linguagem. Esta necessidade de se discutirem conceitos como ponto de partida para a construção de um raciocínio rigoroso está bem patente nos momentos 328d) a 333e) do diálogo Protágoras.
Numa primeira fase dos diálogos ocorre como que um resultado aparentemente negativo que se pode considerar como a fase negativa e destrutiva do método e que é de extremo valor. De facto é muito importante saber que não se sabe e que o senso comum e a lingua comuns são apenas pontos de partida para a reflexão filosófica e que a discussão dialéctica tem justamente por finalidade ultrapassá-los e superá-los. A catarse destruidora constitui uma condição indispensável de reflexão pessoal que proporcionará a pesquisa da verdade.Sócrates preocupa-se com a procura da definição dos conceitos imutáveis e universais de Bem, Verdade, Justiça, Coragem e outras qualidades morais. Ao tentar definir esses conceitos procura as verdades universais, comuns a todos os homens. Só quando estes souberem o que significam palavras tais como justiça, coragem, piedade e virtude é que poderão ter a pretensão de agir com justiça, tornando-se verdadeiramente justos, corajosos e piedosos.
Há uma coerência prática no discurso: as verdades de Sócrates eram postas à prova pela acção moral. A  razão estabelecida em comum é uma razão prática. Como diz Wolff  "De que serviria discutir a justiça se não fosse para se ser justo?" (1985, p.48).A acção moral individual é uma prova de que a pessoa atingiu a posse do conhecimento. Só quem o possui pode exercer a bondade, a justiça, a piedade. Aquele que sabe o que é o "bem" não pode deixar de o praticar. Assim só o ignorante pode ser mau. Quem pratica o que é mau fá-lo, Morte de Sócrates.jpg (108723 bytes)No fim da vida, depois de condenado à morte, os seus amigos arquitectaram a sua fuga. Todos, incluindo os próprios juízes, a teriam aceite complacentemente. Mas Sócrates respondeu a Críton: "Os Atenienses condenaram-me legalmente, após um processo justo, por isso também é justo que eu seja fiel às suas leis e ao seu julgamento, não fugindo" (Wolff, 1985, p.25). Nunca saberemos o que esteve por trás destas palavras de Sócrates. Mas ao escolher morrer em vez de fugir de Atenas, Sócrates provou pela sua opção de escolha que a sua verdade podia ser posta à prova pela acção que tomou. Fugir implicava fazer uma acção injusta. Por sua vez esta acção implicaria falta de justiça que, no seu entender, implicava falta de conhecimento. Estas implicações recíprocas, ou de equivalência, não se harmonizavam, de forma nenhuma, com o que Sócrates tinha defendido durante toda a sua vida:  não se pode ser justo sem se ter conhecimento e só o ignorante pode ser mau ou agir mal.
O  modo como Sócrates se dirige ao seu interlocutor e desenvolve o seu método apresenta quatro características:
  • É um modo dual, na medida em que se dirige sempre a um interlocutor determinado. Sócrates nunca se dirige a um grupo de homens, nem aos homens em geral. Há sempre um personagem concreto a quem  dirige as suas perguntas, com quem dialoga segundo as particularidades desse indivíduo. Na obra em estudo, Sócrates dirige-se a Protágoras, e é entre estes que se processa a discussão dialogada tendo em conta as características do seu interlocutor de forma a haver uma argumentação eficaz.
  • É dialéctico. Sócrates jamais admitia como verdadeiro o que seu interlocutor não admitisse como verdadeiro. Assim o diálogo só se desenrola e toma caminho mediante aquilo a que o interlocutor dá acordo. Nunca Sócrates impõe as suas idéias a ninguém. Esta postura de Sócrates é bem vísivel no Protágoras, em frases como: «Tu dirias o mesmo?», «Díriamos que sim, ou não?»,  « E tu o que dirias? Não responderias deste modo?», prosseguindo o diálogo sempre com base no que Protágoras aceita como verdadeiro.
  • É elêntico, ou seja refutatório. Nos seus diálogos, Sócrates ocupa o lugar de interrogador. Aliás, nem podia ser de outro modo uma vez que ele parte para a discussão com uma atitude de dúvida constante, afirmando nada saber - "só sei que nada sei". Cabe ao seu interlocutor responder. Esta característica do modo pelo qual Sócrates se dirige ao seu interlocutor, está fortemente ligada ao primeiro momento em que há a destruição das ideias feitas, da tese que o interlocutor sustenta inicialmente como verdadeiro. É através desta característica que Sócrates faz com que o seu interlocutor entre em contradição.  Como diz Wolf, é esta a característica que põe à prova, pela refutação, a coerência absoluta das posições espontâneas dos interlocutores.
  • A última característica é a parhesia. Esta característica consiste em o interlocutor dizer o que pensa verdadeiramente sem se preocupar nem com a opinião dos outros nem com a coerência relativamenteà  sua opinião inicial, aderindo totalmente ao que é verdadeiro. O interlocutor compromete-se de um modo total com a verdade, sendo o caminho para a prática do bem e da virtude. A exigência de parrhesia explica as contradições entre os discípulos. Os diferentes discípulos  de Sócrates partem de proposições nem demonstradas nem demonstráveis (por exemplo, sobre a natureza do bem), mas que lhes parecem indiscutivelmente verdadeiras, por um lado porque enunciam com parrhesia (que era a unica exigência do mestre), e por outro porque uma versão "flexível" - isto é, não sistemática - destas teses foi admitida pelo próprio.
Segundo Wolf  «as particularidades do modo de Sócrates se dirigir aos seus ouvintes, seu "método" se quisermos: ele supõe o face a face como outro, repousa sobre o princípio dialéctico do estabelecimento das verdades, põe à prova a coerência de seus propósitos e implica sua adesão à verdade desses mesmos propósitos» (1993, p.132).
Sobre o julgamento e a condenação à morte de Sócrates existe um texto de Platão que se denomina de "Apologia de Sócrates".
Uma comparação interessante entre o Método Socrático e o Método Científico pode ser vista no site:
http://www.soci.niu.edu/~phildept/Dye/method.html