sábado, 26 de outubro de 2013


O NÃO-DEUS

Todos os seres nascem com algo especial, que embora todos os outros seres nasçam também, são diferentes. o cosmo é vivo, e sempre estará dirigindo os finais de nossas ações, embora, temos em cada um de nós uma singularidade especial, a livre escolha de decidir nossas escolhas e ações, independentemente de nossas predestinações, com isso aplico que, não busco uma resolução de “livre arbítrio”, mas, uma visão que todos somos seres modificadores do cosmo, mas nossas escolhas são meras escolhas mesquinhas de ser, pois, no final dessa trajetória cósmica, seremos aquilo que sempre fomos um dia. Somos o que somos, somos, ou deveríamos ser aquilo que cada essência estabeleceu para ser, cada uma de nos somos seres únicos, somos compostos por um poder cosmológico único, que cabe somente a nos a existência, pois a existência em outro ser não é existência, é reflexa de uma existencia, a imitação não existe.  O Não-Deus esta nesse exato ponto, em cada ser, em cada coisa, esta o Deus, o fato de chamar-se Não-Deus, se refere que esse ser de imensa magnitude não existe como Deus supremo, que rege seu poder e interfere, e conduz na vida de todos de forma generalizada, em uma única realidade, um Deus supremo para todos os seres, não existe.
Se o homem é a semelhança de Deus, não poderíamos existir, pois, é preciso existir em si primeiro, ser semelhança de algo que o mesmo próprio o criou, não é um Deus de todos, se não, todos os seres seriam iguais, pois, estes seriam a semelhança de uma única criatura. Logo, afirmo que cada ser possui uma singularidade, algo que pertence somente a cada um, algo que faz esse ser, ser o que sempre foi ou é, um Deus único, e cada um dos seres são formas únicas e belas do cosmo. Somos a visão de algo superior, algo único e particular de cada coisa, o Deus vive em cada um de nós, mas não somos Deus, essa fonte de poder apenas vive em cada de nós, isso seria o Não-Deus.
 O Deus existente é o Não-Deus, essa forma cósmica vive em si e para si, só então nasce como ser. Para existirmos precisamos existir como formas únicas, existimos a parti de formas únicas e belas, o Não-Deus vive em si, somos o Não-Deus, logo, para existimos teremos que pensarmos como formas únicas, pois, assim somos. Somos criaturas essenciais para o cosmo, tudo está organizado, dito, e exclamado em um só ponto do universo, embora não sejamos únicos seres no cosmo infinito, as leis que regem nesse sistema são as mesmas que regem no outro, pois, o cosmo é infinito e eterno, o cosmo vive e morre, conclui seu inicio e realiza seu fim, pois este é eterno. Os seres são representações cosmológicas existentes nessa realidade, a forma de viver nesse sistema real é diferente do outro sistema, pois, as visões do real não dependem das coisas, são as coisas que dependem dos planos cosmológicos que são realizadas.
Tudo tem um princípio, tudo tem uma finalidade, uma ordem. As coisas não nascem sem passar pelo nada, e o nada não surge pelo simples fato de querer existir, as coisas existem por uma ordem, por um principio em busca de sua finalidade. Os componentes do cosmo nascem pelo fato de morrerem, ou morrem pelo fato de nascerem, ou seja, nada seria se o inicio fosse apenas o inicio e o fim apenas o fim, tudo cria-se por uma ordem maior; a saberia do cosmo é infinita, é única.
As respostas da vida e da morte esta no cosmo, a luta pela indignação do homem com relação a morte é algo visível desde o inicio dos tempos. Aqui venho deixar, o fato de que ninguém morre da forma como pensamos que morremos; morremos para nunca mais voltar, como muitos afirmam; que já se foi nunca mais volta, etc. em meus pensamentos, isso é uma injustiça com a própria existência, com a própria vida, pois, só passamos a viver nessa realidade ‘viva’ quando morremos, se não, a morte não viria a existir, o que seria da morte sem a vida, ou vice-versa. Repito que nada surge por existir, nada se perde no cosmo para o eterno, tudo esta sempre na eterna mudança, sempre obedecendo a uma ordem superior.
As respostas do universo (cosmo), os segredos mais íntimos da vida e da morte encontram-se em cada um dos seres, os segredos da vida, o segredo da felicidade, o segredo da riqueza, o verdadeiro sentido da vida, encontra-se em cada um dos seres. Vós sois responsável pela força e pela fraqueza, vós sois responsável pelo vento que bate sua face, és o início e o fim das coisas, és tudo e o nada, és  a maldade e a bondade, a justiça e a injustiça, o amor e o ódio; vós és o oposto da singularidade do cosmo, somos todos componentes formadores de nós mesmos a partir de algo maior, vós és criatura importantíssima desse cosmo, pois, tudo surge de ti; surges da materialização de pensamentos de algo equivalente a tudo que és, nasce e terminas em ti, surges para ser o que é, e o verdadeiro sentido da vida está em ser aquilo que a natureza cósmica lhe proporcionou. A negação da verdadeira essência toma como consequência a eterna luta do sentido da vida, a eterna presença das dúvidas da vida e da morte, é a negação da própria verdade; negação da própria existência.

A ESSÊNCIA PRECEDE A EXISTÊNCIA

Não somos folhas em branco aprendendo algo novo, somos folhas borradas, aprendendo aquilo que um dia aprendemos, mas esquecemos enquanto forma de essência, seres puros enquanto nós mesmos, seres sem prisões. Quando retornamos ao ciclo cósmico físico, esquecemos quase tudo, e o que nos restam são passagens do mesmo lugar, do mesmo tempo, pois o tempo e o lugar não existem de forma separada, tudo esta no mesmo tempo e espaço. O que pode vir a ser, já existe, ou esta acontecendo, pois o tempo cósmico obedece apenas à lógica, a lógica e a instabilidade-estável do próprio cosmo.
Os seres, ou, as coisas, surgem pelo valor de sua essência. A essência estabelece o caráter do ser a parte de reflexões cosmológicas, e isso faria o ser a existir como é, ou devesse ser. A essência é uma fórmula única que cada ser possui, todos os seres possuem essência, contudo, no decorrer de sua vida perde-se de seu caminho cósmico e consequentemente perde seu valor no cosmo.
Os seres sempre buscam ser algo que não são, buscam uma falsa existência, uma existência secundaria, que por sua vez, acaba sobrepondo-se sobre a essência original, a existência natural. Com isso, o homem aprendeu a ser, não pelo fato de querer ser outra coisa, mas pelo fato que a sociedade é hipócrita.
Toda busca em ser algo que não é, o ser, como consequência, fica inconformado com sua existência. Mas não a existência primeira, mas a que ele criou, pois, esta é má, pois, traz consigo ao mesmo tempo conforto e desconforto, é enganosa e paralelamente o ser é irreconhecível para si próprio. Os homens fogem de sua própria essência, querem ser algo ‘maior’ que já são, com isso, perdem-se no caminho da hipocrisia. Logo, os homens que caminham sobre esses caminhos, da falsa essência, não existem e não possuem valor algum no cosmo, pois, estes seres negam sua essência, logo, negam sua existência, e somente seres existentes podem influenciar no cosmo.
Os homens podem ter prestígios na sociedade, pois é poço de hipocrisia. Os seres são formadores da sociedade, logo, a sociedade não existe. É muito mais fácil existir no outro, pois, este é a maioria e já é aceito no meio hipócrita, que ser aquilo que a verdadeira essência estabeleceu para ser. Não se mede o valor dos homens pelos seus bens, o verdadeiro valor do ser esta em seu caráter.
A essência sempre existiu no ser, ela forma, ela cria, ela é imutável, a essência faz o ser existir. A essência precede a existência, pelo fato que não podemos existir dos outros ou para o outro, pois então, o que seriamos de fato¿ o outro¿ a essência precede a existência, e, toda forma que queira existir no cosmo deve comportar-se como forma única de existência, sem influências externas. Contudo, o verdadeiro ser existente nunca virá a existir, pois, somos influenciados constantemente e isso nos forma e nos faz existir, mas, isso seria uma existência instável, uma existência falsa. Logo, a verdadeira existência não esta em negar uma criatura cosmológica superior, ou ser agrupamentos de experiências da vida, a verdadeira existência esta em ser tudo aquilo que a essência nos precedeu.
As funcionalidades da existência de uma criatura cosmológica superior aos seres são fundamentais para o entendimento de nossa própria existência. A escolha de decidir nossos entendimentos, atitudes, é um dos fatores máximos disso, pois, a criatura cósmica superior não nos remete nossas funções como um carpinteiro em relação ao martelo, mas uma funcionalidade existente e única para cada ser. Temos a livre escolha de ser o que quisermos, mas a verdadeira essência é eterna.
 O Não-Deus, que é o ser superior de nossa existência, esse ser, existiu primeiro em si e para si, ao eterno, por isso é reflexo da perfeição e do infinito; nos coisas somos imperfeitos e não eternos, somente nossa essência, pois, esta é perfeita e imutável. Com isso, o Não-Deus existir com tal, e sua ordem não é refletida para os outros seres, pois somos reflexos de outras essências, e portanto, com vontades, formas diferentes, mas, somos inferiores, não pelo simples fato de sermos inferiores, mas, pelo fato de que não alcançamos a perfeição através da lealdade de nossa essência; o Deus dos seres hipócritas não é o Não-Deus, pois este ultimo é a negação de toda hipocrisia dos homens quando criam o Deus do comércio.
O Não-Deus é Tudo e o Nada; é o fim e o início; é as trevas e a luz; é a perdição e a salvação; é a esquerda e a direita; é  o ser das estrelas; é o ser de todo o conhecimento, do útil e inútil; este ser, o Não-Deus és tu! Cada um de vós! Esse ser é grandioso e capaz de mudar tudo, mas, ser fiel a si mesmo, primeiro; esse ser dentem todos os segredos do universo, pois esse ser é tudo, é a luz, é o término do começo, é vós.
O Deus do Homem é o próprio Homem, pois, cada homem e cada mulher são perfeitos por natureza, a imperfeição é alcança com o rompimento em ser fiel à essência, esse rompimento é dos Homens, o rompimento é gerado no caminho de sua vida, logo, o Homem torna-se Deus de si próprio, tornam-se Deus dos outros Homens; o ser verdadeiro morre nessa realidade, o Homem matou Deus, pois o Homem quer ser maior; o Homem quer ser único, o Homem não será eterno por essas razões, mas, o Não-Deus é. Nada por querer ser, o querer ser não existe, o Querer ser, o Dever, o Servir, não existem, pois não equivalem a verdadeira essência de sua criação; não queiras ser aquilo não és; sejas da sociedade, mas, não sejas a sociedade; seja feliz por querer ser feliz, com motivos que sejam confortantes; não queira ser, seja!
Quando cada homem alcançar a luz da verdade e for fiel a sua verdadeira essência, este será perfeito e eterno junto a sua essência, que esta sim, é eterna independentemente das atitudes de sua criação. - O hipócrita não existe enquanto ser, mas, todo ser existe como hipócrita.

O VERDADEIRO PECADO

O pecado não existe, ele é uma forma imaginária que os seres de má essência criaram para deter o poder. O poder das coisas sempre foi uma paixão fútil que os Homens sempre quiseram em seu domínio, a criação do pecado é uma forma de domínio, uma forma de manipulação em massa, que usa-se a expressão dos sentimentos mais íntimos dos seres, o medo, a desconfiança, a felicidade, e principalmente a tristeza.
O verdadeiro pecado esta em não ser; o verdadeiro pecado esta em manipular os outros; o verdadeiro pecado esta em dizer que Deus é único, e o único caminho para a “salvação”; o verdadeiro pecado é dizer que somos imperfeitos por sermos nós mesmos; o verdadeiro pecado é privar o homem das coisas que ele gosta; o verdadeiro pecado é dizer que o pecado existe.
Os seres transformaram Deus em uma mercadoria; Deus é uma mercadoria dos Homens, capitalizaram Deus; as portas do “céu” são pagas; voltamos a idade média; ou melhor, nunca saímos, ou nunca evoluímos em nós. As religiões são lindas, os Homens são cruéis, e fizeram delas os seus interesses pessoais, a religião é vendida nos templos, os templos religiosas funcionam como empresas que seus funcionaram pagam para trabalhar em busca de nada, pois, o Deus do infinito não necessita dos bens materiais dos homens, mas, que os homens sejam o que são, e sejam gratos por isso, por sua existência.
Os homens são hipócritas e tolos, se dizem saber da verdade máxima, se dizem ser o que nã são, a hipocrisia reina sobre o mundo. Os líderes religiosos são hipócritas. A igreja pura não necessita do dinheiro especula humano, pois, tudo vem do ser que rege as leis no universo. Cristo Jesus, em sua essência ou materializado, nunca necessitou de templos gigantescos; pregava sua filosofia em lugares simples, para pessoas simples; não buscava o “dinheiro”, mas a confiança e gratidão dos seres; não exaltava o nome do criador das coisas em vão, para suplicar por esmolas capitalizadas, mas sim, por coisas grandiosas, além dos bens dos homens, buscava a sua confiança e lealdade, esse seria o bem maior que hoje não é aplicado na prática, pois o poder religioso esta sob domínio dos homens hipócritas.

"Venham, todos vocês que estão com sede, venham às águas; e vocês que não possuem dinheiro algum, venham, comprem e comam! Venham, comprem vinho e leite sem dinheiro e sem custo.”  (Isaías 55:1).

Os dízimos nas igrejas cristãs são hipocrisias absurdamente aceitas pelas pessoas, pessoas que não refletem sobre as divinas escrituras, logo, a enganação torna-se mais fácil. É muito mais fácil enganar os seres quando os mesmo a sabedoria não os pertencem. O dízimo é imoral, e serve para seres de baixa reflexão como forma de conforto, conforto de que? Será que se dermos dinheiro para a igreja, com o velho discurso de manter os luxos da mesma, seria um discurso aceitável? Será que para divulgar a palavra de saberia é necessário o luxo, e templo moderníssimos? Os templos religiosos devem-se adequar as modernidades dos Homens? Sendo que, para o ser Deus, ele é o mesmo desde o começo ate o eterno.

“Jesus Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre.” – Hb 13: 8.

Os homens e seus interesses mudam; a ganância dos homens, em amar o dinheiro e a riqueza, pois, os homens são mutáveis, mas o senhor do cosmo é imutável, logo, eterno. Pois, o todo homem e toda mulher que suprir suas necessidades vidando somente o dar em troca de receber é um tolo, pois, este nunca alcançará a vida eterna.

“Quem ama o dinheiro jamais terá o suficiente; quem ama as riquezas jamais ficará satisfeito com os seus rendimentos.” (Eclesiastes 5:10).

O Deus do como ou o Não-Deus, esse ser é eterno e esta em todos os seres, mas nem todo ser esta neste ser, este ser não é homem nem mulher, esse ser apenas existe, como é.
Devemos buscar a verdadeira essência de ser, o Deus não hipócrita ou o Não-Deus esta em todo homem e toda mulher; temos o poder cosmológico do eterno; precisamos encontrar o Não-Deus, só então seremos imutáveis, pois, não precisaremos de riquezas e cobiças dos outros, passamos existir em si e para si.
Aqueles que aplicam a existência em um Deus exterior e superior a cada um de nós, deve ser punido por sua própria ignorância e hipocrisia, pois, o ser supremo do cosmo, apesar de ser “supremo”, é supremo em cada um dos seres, logo, somo tão quanto, contudo, sua existência, e sabedoria é limitada por nós mesmo, por nossa arrogância e ganancia humana, a nossa hipocrisia e futilidades, características essas que limitam nossa capacidade de conectividade com nosso próprio ser.

Cada homem e cada mulher são livres para ser o que sempre foi um dia; cada homem e cada mulher não deve-se curvar-se para outros homens; cada homem e cada mulher deve obedecer somente a si mesmo; cada homem e cada mulher tem o direito de ser, e não querer ser; tem o direito de pedir o que quiser, tem o direito de ter direitos, não coisas fúteis, mas o que te faz ser, tem o direito de não ir a igreja, tem o direito de amar quem quiser, tem o direito de odiar quem quiser, tem o direito de sorrir e ficar triste quando quiser, tem o direito de louvar quem quiser e onde quiser, tem o direito de escrever o que quiser, tem o direito de duvidar, de perguntar, de pensar o que quiser; todo homem e toda mulher tem o direito a vida, têm direito aos seus amores. 

texto não completo do ensaio  para o existencialismo das coisas de Felipe Kevin Ramos da Silva.




domingo, 24 de fevereiro de 2013


A existência de umbigo em Adão pode ser um ponto de partida para o debate sobre a origem do homem*
A existência de umbigo em Adão pode ser um ponto de partida para o debate sobre a origem do homem*
A origem do ser humano dentro da teologia judaico-cristã radica no momento da criação, quando Deus criou Adão como sua imagem e semelhança. Esta forma de entender a origem do homem se colocou como predominante desde que o cristianismo se tornou a principal religião do Ocidente.
Entretanto, desde o fortalecimento do racionalismo, a partir do Iluminismo no século XVIII, as doutrinas religiosas passaram a ser questionadas e novas teorias explicativas sobre os mais variados assuntos foram desenvolvidas. No caso da origem do ser humano, a influência da análise racional sobre o mundo natural levou Charles Darwin, principalmente, a elaborar a teoria evolucionista, colocando a origem do ser humano como decorrente da evolução das espécies, frente à sua adaptação ao meio em que estavam inseridas.
O dilema sobre as duas teorias explicativas pode manter vivo um questionamento que vem sendo feito há séculos: Adão tinha ou não tinha umbigo?
Esta questão pairou sobre a cabeça dos teólogos durante a Idade Média e o Renascimento, no Ocidente, levando inclusive a intensos debates entre os bizantinos.
No âmbito do criacionismo há duas possíveis versões. Deus tendo criado Adão já adulto não seria necessário a ele ter um umbigo, pois ele não havia sido gerado a partir do útero de uma mulher. Porém, como Deus criou um ser perfeito, mesmo sendo já adulto, Adão foi feito com umbigo, igual aos demais homens e mulheres que ele teria deixado como descendentes.
Pelo lado da visão do evolucionismo é certo que Adão tinha um umbigo, pois mesmo que seja tratado como o primeiro homem propriamente dito, decorrente da evolução dos hominídeos, ele teria sido gerado dentro do útero de uma progenitora, sendo necessária para a sua gestação a alimentação através do cordão umbilical. Com o corte deste cordão após o nascimento, resultaria o umbigo.
Apesar da existência ou não do umbigo de Adão ser uma discussão cujo resultado é estéril, ela gerou algumas controvérsias, durante a Idade Média e o Renascimento, principalmente no que se refere à produção artística. Os pintores que retratavam as cenas do Éden se viam frente a esta questão: representar Adão com ou sem umbigo?
Alguns pintores usavam como recurso para fugir da resposta insolúvel a pintura de folhas grandes na região pélvica de Adão, que além de esconder seus órgãos genitais, tapava também o local onde presumivelmente se localizava o umbigo. O teólogo John MacArthur afirma que Michelangelo ao pintar seu mais famoso afresco na capela Sistina, A Criação de Adão, teria dado um umbigo enorme a Adão, o que lhe valeu observações repressivas por parte de alguns teólogos da época.
Esta questão da existência ou não do umbigo de Adão serve em nossos dias para mostrar o quanto é também conflituosa a explicação da origem do homem frente às duas principais teses explicativas sobre este fato, o criacionismo e o evolucionismo. O debate confrontando fé e ciência pode não gerar respostas absolutas, mas pode ampliar a reflexão e aprofundar nossos conhecimentos sobre a vida e a forma que a desenvolvemos no mundo.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


Lei de Thelema
Faze o que tu queres há de ser toda a Lei
O princípio Thelemico está dedicado aos altos propósitos de segurança da Liberdade do Indivíduo e de seu crescimento em Luz, Sabedoria, Compreensão, Conhecimento e Poder; mediante Beleza, Coragem e Sapiência;
lei de Thelema está encravada no Livro da Lei, recebido por Aleister Crowley em 1904, e com este, uma mensagem de revolução do pensamento humano, da cultura e religião baseados no simples axioma: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei - Amor é a lei, amor sob vontade". Essa Lei, resumida na palavra Thelema, não é para ser interpretada como uma licença para satisfazer cada capricho vivido, porém antes um mandato a descobrir a sua única e Verdadeira Vontade e persegui-la; deixando outros fazerem o mesmo em seus únicos e próprios e caminhos. "Todo homem e toda mulher é uma estrela".
Amor é a lei, amor sob vontade.
Paz, Tolerância, Verdade;
Saudações em Todos os Pontos do Triângulo;
Com Respeito à Ordem.
A Quem Interessar possa.
Thelema ("Télêma") é uma palavra Grega que significa "vontade" ou "intenção". Ela é também o nome da nova filosofia espiritual que foi erguida à quase cem anos e está agora tornando-se gradualmente estabilizada ao redor do mundo.
Uma das mais primeiras menções a esta filosofia ocorre no clássico Gargantua e Pantagruel escritos por Francois Rabelais em 1532. Um episódio desta aventura épica conta-nos da fundação da "Abadia de Thelema" como uma instituição para o cultivo das virtudes humanas, que Rabelais identificou como sendo por completa oposta às prevalecentes propriedades Cristãs do momento. A única regra da Abadia de Thelema era: "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei". Essa tem sido uma das crenças básicas da filosofia Thelemica hoje.
Embora tocada sobre vários proeminentes e visionários pensadores nos cem anos seguintes, a semente de Thelema plantada por Rabelais eventualmente veio a dar frutos na primeira parte deste século, quando desenvolvida por um inglês chamado Aleister Crowley. Crowley foi um poeta, autor de vários livros, montanhista, magista e membro de uma sociedade oculta conhecida como Ordem Hermética da Aurora Dourada (Hermetic Order of Golden Dawn). Em 1904, enquanto viajava pelo Egito, com sua esposa Rose Kelly, Crowley tornou-se inexplicavelmente envolvido em uma série de eventos no qual ele clama inaugurar um novo aeon da evolução da humanidade. Esses fatos culminaram em Abril, quando Crowley entrou em um estado de transe e escreveu os três capítulos de 220 versos que veio a ser chamado O Livro da Lei (também conhecido como Liber AL e Liber Legis). Entre outras coisas, esse livro declarou: "A palavra da Lei é Thelema" e "Faze o que tu queres há de ser toda a Lei".
Crowley gastou o resto de sua vida desenvolvendo a filosofia de Thelema, tal como revelado pelo Livro da Lei. O resultado foi uma volumosa produção de comentários e trabalhos relacionados à magick, misticismo, yoga, qabalah e outros assuntos ocultistas. Virtualmente todos esses escritos levaram a influência de Thelema, tal como interpretada e entendida por Crowley em sua capacidade como profeta do Novo Aeon.
Uma teoria defende que cada capítulo do Livro da Lei está associado, em particular, com um aeon da evolução espiritual da humanidade. De acordo com isto, o Capítulo Um caracteriza o Aeon de Ísis, quando o arquétipo da divindade feminina era eminente. O Capítulo Dois relata o Aeon de Osíris, quando o arquétipo do deus morto tornou-se proeminente, e as palavras da religiões patriarcais foram estabelecidas. O Capítulo Três proclama o alvorecer de um novo aeon, o Aeon de Hórus, a criança de Ísis e Osíris. É neste novo aeon que a filosofia de Thelema será completamente desvelada à humanidade, e será estabelecida como o primeiro paradigma para a evolução espiritual das espécies.
Alguns desses elementos essenciais da crença em Thelema são:
"Todo homem e toda mulher é uma estrela."
O significado disto geralmente é tomado que cada um indivíduo é único e têm seus próprios caminhos em um universo espaçoso, onde eles podem mover-se livremente sem colisão.
"Faze o que tu queres há ser toda a Lei." e "tu não tens direito senão faze o que tu queres."
Muitos Thelemitas esperam que toda pessoa possui uma Verdadeira Vontade, uma simples motivação abrangente por suas existências. A Lei de Thelema determina que cada pessoa siga sua Verdadeira Vontade para alcançar satisfação na vida e liberdade das restrições da suas naturezas. Pois duas Verdadeiras Vontades não podem estar em real conflito (de acordo com "Todo homem e toda mulher é uma estrela"), essa Lei também proíbe alguém de interferir na Verdadeira Vontade de qualquer outra pessoa.
A noção de absoluta liberdade para um indivíduo seguir sua Verdadeira Vontade é uma das nutridas entre os Thelemitas. Essa filosofia também reconhece que a principal tarefa de um indivíduo que inicia o caminho de Thelema, é primeiro descobrir sua Verdadeira Vontade, através de métodos de auto-exploração tal como a magick. Além disso, toda Verdadeira Vontade é diferente, e por isso cada pessoa tem um único ponto de vista do universo, ninguém pode determinar a Verdadeira Vontade para outra pessoa. Cada pessoa deve chegar a descobrir por elas próprias.
É claro, com a ênfase sobre a liberdade e individualidade inerente em Thelema, as crenças de qualquer dado Thelemita são provavelmente para diferenciar daqueles de qualquer outro. No Comento anexado ao Livro da Lei é estabelecido que: "Todas as questões do Livro da Lei devem ser decididas apenas por apelo aos meus escritos, cada qual por si mesmo." Nisso, Thelema mal pode ser classificada como um "religião", uma vez que ele engloba uma vasta área de crenças, desde ateísmo ao politeísmo. O importante é que cada pessoa tem o direito de completar-se através de quaisquer credo e ações que são melhor adequados para eles (desde que eles não interfiram na vontade de outros), e somente eles mesmos estão qualificados para determinar quais são.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013


                         Parmênides de Eléia (530 - 460 a.C)
Parmênides é um filósofo que expôs seus pensamentos através da poesia em estilo homérico, mas nem por isso deixa de usar rigorosos argumentos dedutivos em suas colocações. Parmênides é o fundador da escola de Eléia e despertou grande admiração de Platão.

Dos seus poemas restaram-nos 154 versos e eles dividem-se em três partes. A primeira é uma introdução onde ele coloca como chegou às suas revelações. O filósofo conta a sua viagem imaginária pela morada da deusa da justiça que o conduzirá ao coração da verdade. A deusa mostra a Parmênides o caminho da opinião que conduz à aparência e ao engano e o caminho da verdade que conduz à sabedoria do ser. Cada um desses caminhos será tratado nas duas  partes seguintes.

Na segunda parte ele argumenta que o que é é diferente do que geralmente os homens supõem que seja. Nessa parte, intitulada Caminho da Verdade (alétheia), ele coloca o que a razão nos diz e ele faz isso através da metafísica dedutiva. Começa por premissas que ele acredita serem verdadeiras e dedutivamente ele chega a conclusões que também devem ser verdadeiras. Seus argumentos lógicos reconstruídos podem ser expressos da seguinte forma:
1 - Ou algo existe ou algo não existe.
2 - Se é possível pensar em algo, esse algo pode existir.
3 - Nada não pode existir.
4 - Se podemos pensar em algo esse algo não é nada.
5 - Se podemos pensar em algo esse algo tem quem ser alguma coisa.
6 - Se podemos pensar em algo esse algo tem que existir.
Na sequencia Parmênides expõe que somente nos resta dizer que esse algo é, pensar ou dizer que esse algo não é é impossível. Esse algo que é tem portanto obrigatoriamente que ser incriado e imperecível.

Na terceira parte, intitulada Caminho da Opinião (doxa), sobre a qual não podemos ter nenhuma certeza, ele faz uma descrição de como ele vê o mundo. Para ele essa sua descrição é falsa e enganosa pois é simplesmente o resultado de uma ordenação de palavras, mas essa ordenação é a melhor coisa que os homens podem fazer, sendo portanto a melhor descrição apresentada. Aqui ele expõe as crenças das pessoas simples. São conjuntos de teorias físicas como o dualismo entre o limitado e o ilimitado, que ele relaciona com a luz e as trevas, fazendo da realidade física uma mistura e uma luta entre esses dois elementos. É através dessa divisão que ele ordena as qualidades. Na comparação entre a luz e a escuridão, a escuridão é a negação da luz. Diferenciou as qualidades da natureza em positivas e negativas tomando por base outros opostos como vida e morte, fogo e terra, masculino e feminino, quente e frio, ativo e passivo, leve e pesado. Assim para ele nosso mundo se divide em duas esferas, as de qualidade positiva (luz, vida, fogo, masculino, quente, ativo, leve) e as de qualidade negativa (escuridão, morte, terra, feminino, frio, passivo, pesado). As qualidades negativas são uma negação das qualidades positivas e Parmênides utiliza os termos "não ser" para o negativo e "ser" para o positivo.

Parmênides via as mudanças físicas que ocorrem no mundo como uma mistura onde participam o ser e o não-ser, resultando  num vir-a-ser. A mistura é feita pelo desejo e quando o desejo é satisfeito o ser e o não-ser novamente se separam. O filósofo conclui assim que a mudança é uma ilusão. Somente existem o ser e o não-ser, o vir-a-ser é portanto uma ilusão dos nossos sentidos.

A filosofia de Parmênides se apresenta como um contraste entre a verdade e a aparência. A aparência é percebida pelos sentidos que nos mostram o ser e o não ser e nos levam a diversos erros. Já a verdade somente pode ser buscada pela razão, que para Parmênides demonstra que não podemos pensar o não ser, pois não podemos pensar sem que esse pensar seja sobre algo. Pensar sobre nada é não pensar da mesma forma que dizer nada é não dizer. Somente podemos pensar e expressar o que pensamos através de um objeto e esse objeto já é algo, já é um ser. Ele conclui que o ser é e não pode não ser e através dessa ideia ele expressa sua principal tese filosófica que vai dirigir toda sua investigação racional. Ele cria assim os principais fundamentos da ontologia que é vista como metafísica pois o ser não é somente o ser da natureza, mas também o ser do homem e das suas ações, e mais ainda, é o ser de qualquer coisa que possa ser pensada.

Sentenças:
- O ser é e não pode não ser.
- O pensamento e o ser são a mesma coisa.
- O ser é imóvel porque se se movesse poderia vir-a-ser e então seria e não seria ao mesmo tempo.



Parmênides

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

FILOSOFɑNDO:                                   ARELIGIÃO E O S...

FILOSOFɑNDO:
                                  ARELIGIÃO E O S...
:                                   A RELIGIÃO E O SÓCIO                                                                                  ...

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013


Diógenes de Sínope
Diógenes de Sínope (em grego antigo: Διογένης ὁ Σινωπεύς; Sínope, 404 ou 412 a.C. – Corinto, c. 323 a.C.), também conhecido como Diógenes, o Cínico, foi um filósofo da Grécia Antiga. Os detalhes de sua vida são conhecidos através de anedotas (chreia), especialmente as reunidas por Diógenes Laércio em sua obra Vidas e Opiniões de Filósofos Eminentes.
Diógenes de Sínope foi exilado de sua cidade natal e se mudou para Atenas, onde teria se tornado um discípulo de Antístenes, antigo pupilo de Sócrates. Tornou-se um mendigo que habitava as ruas de Atenas, fazendo da pobreza extrema uma virtude; diz-se que teria vivido num grande barril, no lugar de uma casa, e perambulava pelas ruas carregando uma lamparina, durante o dia, alegando estar procurando por um homem honesto. Eventualmente se estabeleceu em Corinto, onde continuou a buscar o ideal cínico da autossuficiência: uma vida que fosse natural e não dependesse das luxúrias da civilização. Por acreditar que a virtude era melhor revelada na ação e não na teoria, sua vida consistiu duma campanha incansável para desbancar as instituições e valores sociais do que ele via como uma sociedade corrupta.
Segundo a tradição, Diógenes vivia a perambular pelas ruas na mais completa miséria até que um dia foi aprisionado por piratas para, posteriormente, ser vendido como escravo. Um homem com boa educação chamado Xeníades o comprou. Logo ele pôde constatar a inteligência de seu novo escravo e lhe confiou tanto a gerência de seus bens quanto a educação de seus filhos.
Diógenes levou ao extremo os preceitos cínicos de seu mestre Antístenes. Foi o exemplo vivo que perpetuou a indiferença cínica perante os valores da sociedade da qual fazia parte. Desprezava a opinião pública e parece ter vivido em uma pipa ou barril. Reza a lenda que seus únicos bens eram um alforje, um bastão e uma tigela (que simbolizavam o desapego e autossuficiência perante o mundo), sendo ele conhecido também, talvez pejorativamente como kinos, o cão, pela forma como vivia.
A felicidade – entendida como autodomínio e liberdade – era a verdadeira realização de uma vida. Sua filosofia combatia o prazer, o desejo e a luxúria pois isto impedia a autossuficiência. A virtude – como em Aristóteles – deveria ser praticada e isto era mais importante que teorias sobre a virtude.
Diógenes é tido como um dos primeiros homens (antecedido por Sócrates com a sua célebre frase “Não sou nem ateniense nem grego, mas sim um cidadão do mundo.”) a afirmar, “Sou uma criatura do mundo (cosmos), e não de um estado ou uma cidade (polis) particular”, manifestando assim um cosmopolitismo relativamente raro em seu tempo.
Diógenes parece ter escrito tragédias ilustrativas da condição humana e também uma República que teria influenciado Zenão de Cítio, fundador do estoicismo. De fato, a influência cínica sobre o estoicismo é bastante saliente.
Provavelmente, Diógenes foi o mais folclórico dos filósofos. São inúmeras as histórias que se contavam sobre ele já na Antigüidade.
É famosa, por exemplo, a história de que ele saía em plena luz do dia com uma lanterna acesa procurando por homens verdadeiros (ou seja, homens auto-suficientes e virtuosos).
Igualmente famosa é sua história com Alexandre, o Grande, que, ao encontrá-lo, ter-lhe-ia perguntado o que poderia fazer por ele. Acontece que devido à posição em que se encontrava, Alexandre fazia-lhe sombra. Diógenes, então, olhando para a Alexandre, disse: “Não me tires o que não me podes dar!” (variante: “deixe-me ao meu sol”). Essa resposta impressionou vivamente Alexandre, que, na volta, ouvindo seus oficiais zombarem de Diógenes, disse: “Se eu não fosse Alexandre, queria ser Diógenes.”
Outra história famosa é a de que, tendo sido repreendido por estar se masturbando em público, simplesmente exclamou: “Oh! Mas que pena que não se possa viver apenas esfregando a barriga!”
Outra história ainda é a de que um dia Diógenes foi visto pedindo esmola a uma estátua. Quando lhe perguntaram o motivo de tal conduta ele respondeu “por dois motivos: primeiro é que ela é cega e não me vê, e segundo é que eu me acostumo a não receber algo de alguém e nem depender de alguém.”
A temática do cão
Diógenes sentado em seu barril cercado por cães. Pintura de Jean-Léon Gérôme de 1860.
Diógenes sentado em seu barril cercado por cães. Pintura de Jean-Léon Gérôme de 1860.
Muitas anedotas sobre Diógenes referem-se ao seu comportamento semelhante ao de um cão, e seu elogio às virtudes dos cães. Não é sabido se o filósofo se considerava insultado pelo epíteto “canino” e fez dele uma virtude, ou se ele assumiu sozinho a temática do cão para si. Os modernos termos “cínico” e “cinismo” derivam da palavra grega “kynikos”, a forma adjetiva de “kynon”, que significa “cão”. Diógenes acreditava que os humanos viviam artificialmente de maneira hipócrita e poderiam ter proveito ao estudar o cão. Este animal é capaz de realizar as suas funções corporais naturais em público sem constrangimento, comerá qualquer coisa, e não fará estardalhaço sobre em que lugar dormir. Os cães, como qualquer animal, vivem o presente sem ansiedade e não possuem as pretensões da filosofia abstrata. Somando-se ainda a estas virtudes, estes animais aprendem instintivamente quem é amigo e quem é inimigo. Diferentemente dos humanos, que enganam e são enganados uns pelos outros, os cães reagem com honestidade frente à verdade.
A associação de Diógenes com os cães foi rememorada pelos Coríntios, que erigiram em sua memória um pilar sobre o qual descansa um cão entalhado em mármore de Paros.
Precedente do anarquismo
Nas reflexões desenvolvidas pelo filósofos cínicos pode-se reconhecer importantes princípios do anarquismo ainda na Grécia Antiga. Segundo o historiador inglês Donald R. Dudley, em particular no pensamento de Diógenes podem ser identificados muitos elementos presentes no movimento anarquista da contemporaneidade.
Em seu artigo “Aristóteles e o Anarquismo” (Aristotle and Anarchism) o filósofo estadunidense David Keyt afirma que as sementes do anarquismo filosófico podem ser mais facilmente encontradas nas ideias de Diógenes de Sínope do que nas de Sócrates. Este mesmo autor confere também a Diógenes a defesa do gérmen do proto-internacionalismo na Antiguidade, uma vez que o próprio Diógenes, refutando todas as identidades vinculadas as cidades estados e povos antigos, e negando assim a imprescindibilidade da pólis (apolis), se definia como cidadão do cosmos (kosmopolitê). O peso do pensamento ácrata de Diógenes na filosofia da Antiguidade faz este autor considerar a hipótese de Aristóteles estar em parte reagindo e se contrapondo às ideias de Diógenes quando faz sua defesa da pólis.
Em relação a temática do casamento Diógenes refuta o modelo familiar grego afirmando que as esposas deveriam ser mantidas em comum, não reconhecendo nenhuma legitimidade em qualquer união baseada na coerção, mas somente nas relações que se baseiem na persuasão entre pares.
Keyt apresenta ainda a perspectiva de Diógenes em relação à escravidão. Sua crítica à escravidão estaria focada no caráter de voluntarismo da parte dominada em relação à dominante: escravos sentem necessidade de mestres.. Em relação a este tema a posição de Diógenes se aproxima das reflexões apresentadas por Étienne de La Boétie sobre a servidão voluntária. Além de ser outro importante precedente do anarquismo no final do medievo, La Boétie fora a seu tempo tradutor de diversos escritos relacionados aos cínicos, adotando também a metodologia cínica baseada na inventividade, no uso da ironia, em jogos de palavras e paradoxos.
“Na casa de um rico não há lugar para se cuspir, a não ser em sua cara.”
—Diógenes de Sínope
Da perspectiva apresentada por Roca e Álvarez Diógenes de Sínope pode ser considerado também um predecessor dos happenings como ferramenta de contestação política. Ainda na ótica destes autores, através de suas ações provocativas individuais com as quais contestava toda forma de autoridade (Diógenes adorava ridicularizar Platão enquanto autoridade filosófica) e de sacralidade, Diógenes pode ser considerado um importante precedente da vertente libertária conhecida como anarcoindividualismo.
Obras
Talvez em parte por causa de seu comportamento escandaloso, que os escritos de Diógenes caíram no quase total esquecimento. Com efeito, a politeia (a República) escrita por Diógenes ataca numerosos valores do mundo grego, preconizando, entre outros, a antropofagia, a liberdade sexual total, a indiferença à sepultura, a igualdade entre homens e mulheres, a negação do sagrado, a supressão das armas e da moeda e o repúdio à arrecadação em prol da cidade e de suas leis. Por outro lado, Diógenes considerava o amor como sendo absurdo: não se deve apegar-se a outra pessoa.
Certos estóicos, portanto próximos da corrente cínica de Diógenes, parecem ter preferido dissimular e esquecer essa herança julgada “embaraçosa”.